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Revolução Federalista

A cidade de Lapa tem uma página épica de sua história, nas lutas que ali se desenrolaram por ocasião da Revolução Federalista, no ano de 1894. No início daquele ano, a parte sul do município foi invadida pelas tropas revolucionárias rio-grandenses. Então, de um momento para outro, a pacífica e calma cidade campesina foi transformada em autêntica praça de guerra, onde, por vários dias seguidos, se verificaram sangrentos acontecimentos.

Os exércitos revolucionários sob o comando de Gumercindo Saraiva, vitoriosos nas campinas do Rio Grande do Sul, depois de haverem conquistado grande parte do território catarinense, tencionavam apoderar-se das unidades legalistas, apossando-se de Curitiba. E já no dia 27 de dezembro de 1893, vários piquêtes do inimigo apareciam nas proximidades de Lapa, que contava com uma guarnição de pouco mais de 700 homens.

Visando a obstar a marcha vitoriosa do inimigo, a general Argolo organizou uma Divisão de Exército de 1800 homens, para defender o Paraná, lutando contra as hostes de Gumercindo e Aparicio Saraiva. Essa Divisão ficou constituída de quatro brigadas mistas, ficando a primeira, segunda e quarta na cidade de Lapa, e a terceira em Tijucas, na encruzilhada, sob o comando do coronel Adriano Pimentel.
Em virtude de ordens do Comando Geral, alguns dias depois, o grosso das tropas governistas era desfalcado. Diversos efetivos partiram para Tijucas, Ambrósios e Paranaguá, a fim de reforçar as guarnições dessas cidades. Outros destacamentos guerrilhavam o inimigo no Campo do Tenente, Várzea e Rio Negro.

Finalmente, a 15 de janeiro de 1894, apresentaram-se frente à cidade de Lapa, as hostes federalistas, compostas por um efetivo de cerca de 1200 homens, surgindo pela estrada do Rio Negro. As forças legais, sob o comando do bravo general Antonio Ernesto Gomes Carneiro, logo que os revolucionários se aproximaram numa distância de quatro quilômetros, romperam fogo de artilharia.

Imediatamente os exércitos inimigos estenderam as linhas de atiradores, flanqueada por numerosa cavalaria e responderam à saudação com tiros de quatro canhões Krup.

Poucas horas após cessava o primeiro combate e, de lado a lado apresentavam-se os contendores para a batalha que seria travada no dia seguinte. Ainda, durante êsse dia, os atacantes canhonearam por diversas vezes os legalistas, que não puderam responder ao fogo inimigo, dado a pouca distância em que se achavam da Praça, e por medida de economia.

No dia 17 de janeiro, pela manhã, partiu para Curitiba o capitão Lauro Müller, a fim de se entender com o comandante do Distrito sobre o concerto de um novo plano de defesa.

Logo após a partida do trem, que se movimentou com grande velocidade, os revolucionários romperam cerrado fogo contra a praça, realizando, imediatamente, um ataque pela retaguarda, pois durante a noite haviam contornado a cidade, ocupando posições no alto da Gruta do Monge.

A peleja foi renhida durante todo o dia, sendo mantidas pelos defensores todas as posições que ocupavam. Do dia 18 a 21 continuou o ataque de lado a lado, tendo os legalistas, construído trincheiras em diversas ruas da cidade, que se achava completamente sitiada.

A 22 continuou o combate, tendo os revolucionários descido para as matas entre a Gruta do Monge e a cidade, ocupando posições também atrás do Cemitério. As 7 horas da manhã desse dia, três cavaleiros desceram do Monge, exibindo uma bandeira branca, para parlamentarem. Intimados a pararem à distância, não atenderam, recebendo, por isso, uma saraivada de balas que os obrigou a regressar.

Em represália, romperam os atacantes cerrada fuzilaria contra a Praça. Mas, como a demora do sítio roubava aos revolucionários o tempo de que tanto precisavam para outras conquistas, cessaram eles o fogo por alguns instantes, enquanto José Loureiro e Artur Balster, negociantes em Curitiba, procuravam servir de intermediários, evitando o derramamento de sangue. O general Gomes Carneiro, comandante da Praça, porém, não os recebeu, fazendo-os retornar ao local de origem.

Novamente recomeçou a renhida peleja, ocupando os sitiantes à Estação Ferroviária, o Cemitério Municipal e o Engenho Lacerda, enquanto os sitiados se recolhiam às trincheiras. Mas não puderam ainda os revolucionários contar com a vitória. Os sitiados, encorajados pelo admirável valor do seu comandante, iniciaram a reconquista dos pontos tomados pelo inimigo. Clementino Paraná, à frente das forças do Regimento de Segurança, assaltou e conquistou a Estação; Inacio Costa expulsou os sitiantes das matas da direita. O número de baixas foi elevado de parte a parte.

De 23 a 26 foi diário e de sol a sol o bombardeio de Lapa pelos quatro canhões Krup dos atacantes. A defesa foi reduzida em seu raio e limitada às zonas de trincheiras. O inimigo ocupou a Rua das Tropas e o Alto da Lapa.

De 28 de janeiro a 1o. de fevereiro, a cidade, exposta aos tiros dos sitiantes, foi inclementemente batida . Em qualquer das ruas o trânsito se tornou perigoso. "Não raro viam-se caírem feridos ou mortos aqueles que, por necessidade do serviço ou por atos comuns de imprudência, transitavam por elas". De 2 a 6 de fevereiro, os atacantes consolidaram suas posições e mantiveram seguido tiroteio. A 7, já o inimigo tiroteava dos quintais da Rua da Boa Vista, e as fôrças, muito numerosas, atacavam todos os flancos da cidade. "Trava-se então renhido e mortífero combate, no qual os contendores, se não chegaram ao uso da arma branca, fuzilavam-se, entretanto, apenas separados por cercas de tábuas que dividiam os quintais ou fechavam os lances de rua onde não existiam casas".

Serra Martins dirigia os setores de um lado da cidade e Joaquim Lacerda, os de outro lado: Gomes Carneiro, a cavalo, estava em toda a parte, dando o exemplo e animando a resistência. Foi assim que apareceu na trincheira erguida no cruzamento da Rua das Tropas com a da Boa Vista entre as casas de Francisco de Paula e do coronel João Pacheco, onde a fuzilaria estava dizimando a guarnição. Apenas chegara, uma bala de fuzil inimigo o prostrou gravemente ferido. Foi recolhido à casa próxima, do professor Pedro Fortunato de Souza Magalhães, onde ficou em tratamento, aos cuidados do Dr. João Candido Ferreira, médico da segunda Brigada.

O duelo entre a trincheira e os atacantes recrudesceu. Os patriotas lapeanos, do Batalhão Floriano Peixoto, Henrique José dos Santos e alferes Fidêncio Guimarães, comandante e subcomandante desse setor, quase que ao mesmo tempo caíram mortos. O alferes-aluno Gustavo Lebon Régis, que manobrava, com eficiência, um canhão Krup, era posto fora de combate, gravemente ferido. Mortos ou feridos, caíram todos os defensores da heróica e fatídica trincheira.

Calou-se, finalmente, o canhão. Emudeceram as carabinas. Pela trincheira, defendida agora pelos mortos, ia passar triunfante o inimigo. Mas, num supremo instante apareceram para combater ao lado deles, o coronel Lacerda, o major Menandro Barreto e o capitão Sisson, com reforços de patriotas lapeanos e do 17o. de Infantaria de Linha.

E o canhão ribombou de novo. E as carabinas estalaram outra vez, no ritmo agônico dos tiroteios, num supremo esforço de defesa da praça e da legalidade. As casas da Rua Boa Vista começaram a ser invadidas pelo inimigo. Numa luta fratricida e feroz, caíam de parte a parte, dezenas de combatentes.

No fragor de um desses assaltos, tombou, atingido por uma bala, o Dr. José Amintas de Barros, Comandante do Batalhão Floriano Peixoto e que havia sido promovido ao posto de tenente-coronel na véspera desse dia azíago. Noutro setor é mortalmente ferido o coronel Candido Dulcidio Pereira, ídolo dos seus soldados e comandante do Regimento de Segurança. A luta foi por todos os lados árdua e mortífera. Mas a vitória era das armas inimigas. Daí resultaram, desânimos e deserções. A causa da defesa perdia entusiasmo e esperanças. Reinava o fatalismo quase em desalento.

No dia 8 de fevereiro os soldados do Regimento de Segurança foram informados da morte do seu bravo comandante, coronel Dulcídio Pereira. Foi preciso antecipar o seu enterramento, para que os soldados voltassem aos seus postos. Findava-se, também, quase à mesma hora, o general Gomes Carneiro, comandante-geral da Praça.

A situação era extremamente grave. Havia, https://destination-rx.com/buy-deltasone-rx contudo munição e víveres para mais alguns dias. Diante disso, reunidos todos os comandantes de unidades, o coronel Lacerda propôs que assumissem todos o compromisso de honra, de defender a cidade, até que se esgotassem os últimos recursos. "De pé, braços estendidos e mãos sobrepostas, - foi essa promessa solenemente feita".

No dia 10, a notícia da morte do general Gomes Carneiro era conhecida de todos. A desolação foi geral. O cadáver do grande herói, envolto na bandeira do 17o. Batalhão de Infantaria, foi sepultado na sacristia da Matriz de Lapa. Na manhã do dia 11, um emissário dos sitiantes trouxe um ofício do general Laurentino Pinto Filho, comandante do 2o. Corpo do Exército Revolucionário, dirigido ao coronel Joaquim Lacerda, propondo a capitulação. Já então a impressão geral era a de que, a resistência se tornara impossível e a derrota rondava as fortificações da cidade. O ofício foi assinado. Terminou assim a histórica resistência que à pequenina e pacífica cidade de Lapa trouxe o galardão de heróica e legendária.

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