O Capão Alto estava localizado no ponto em que a lenda, um século depois, veio consagrar a um famoso asceta, quando então passou a chamar-se Gruta do Monge. Era ali o final da etapa diária para aqueles que, pela manhã, deixavam as margens do rio Negro e que, ao anoitecer, buscavam local próprio para o repouso merecido. Em torno do Registro, que outra coisa não era senão um Pôsto fiscal, foram paulatinamente se estabelecendo alguns moradores. João Pereira Braga e sua mulher, D. Josefa Gonçalves da Silva, foram os primeiros a se estabelecerem na localidade de Capão Alto.
Os primitivos moradores dedicaram-se às atividades agrícolas, o que contribuiu para o desenvolvimento da localidade. Em conseqüência, o antigo pouso de Capão Alto, em meados do século XVIII, já contava com regular número de habitantes. Já existia uma capelinha tosca sob a invocação de Nossa Senhora do Capão Alto, erigida pelos Padres Carmelitas do Tamanduá, e que teve por primeiro vigário o padre João da Silva Reis, filho do primeiro casal que chegou à localidade. A povoação foi elevada à categoria de freguesia no dia 13 de junho de 1797, tendo como padroeiro Santo Antônio. Nessa época chegou ali o capitão Francisco Teixeira Coelho, de nacionalidade portuguesa, que se interessou pela localidade, prestando reais serviços ao seu progresso.
Por ocasião das expedições para descoberta dos sertões do Tibagi, levadas a efeito por determinação do tenente-coronel Afonso Botelho de Sampaio e Souza, estacionou na povoação uma companhia de auxiliares, que recebeu a inspeção daquele militar a 10 de fevereiro de 1771, tendo o mesmo providenciado "o mais que era preciso para aumento da nova Freguesia".
O progresso da freguesia era cada vez mais empolgante, despertando, por isso, nos povoadores, a esperança de conseguirem a sua elevação a vila. Contava já com "trezentos e tantos fogos", apresentando aspecto agradável à vista, com suas ruas bem alinhadas quando, em 1806, o seu comandante mandou edificar o prédio que deveria servir de Câmara e Cadeia.
Nessa altura, os habitantes do lugar, 'tendo à frente o capitão Francisco Teixeira Coelho, comandante das funções da freguesia, passaram procuração ao coronel José de Carvalho e capitão José de Andrade e Vasconcelos, para que qualquer deles solicitasse ao governador-geral da Capitania de São Paulo a elevação da freguesia à categoria de vila, com Justiça Ordinária e Juiz de Órfãos".
Desempenhando-se da missão que lhe foi confiada, o coronel José Vaz de Carvalho, como procurador dos habitantes da freguesia do Capão Alto, requereu a graça da ereção da vila no dia 26 de fevereiro de 1806. Em sua petição alegava, entre outras coisas, a circunstância de achar-se a referida freguesia muito distante da vila de Curitiba, o que dificultava sobremaneira os negócios forenses.
Lembrava ainda, o requerente, os limites para o distrito da nova vila, que seriam o rio do Registro (Iguaçu), com o distrito de Curitiba e, para o sertão, o rio que servia de divisa entre os distritos de Curitiba e Lages, o rio da Estiva, hoje catarinense. A petição teve despacho favorável, chegando a notícia da criação da vila à florescente povoação no dia 6 de junho de 1806.
Em regozijo pelo auspicioso acontecimento, realizaram-se nesse dia solenes festas populares procedendo-se, na casa da Câmara Municipal, a eleição dos juízes de paz e vereadores, que deveriam exercer o mandato na primeira legislatura. Foram eleitos Gabriel da Silva Sampaio, juiz Presidente; José França, José Vieira e Manoel Maciel, vereadores; e, João Ferrasores, procurador do Conselho. A povoação tomou então a denominação de Vila Nova do Príncipe.
Em carta datada de 20 de junho de 1806, o capitão Francisco Teixeira Coelho comunicava ao Governador de São Paulo a satisfação de que se achava possuído o povo da vila, pelo atendimento as suas aspirações. Em 1829 chegaram ao Paraná os primeiros imigrantes alemães, em número de 60 pessoas, que se estabeleceram na antiga Estrada da Mata, dando início à fundação do Senhor Bom Jesus do Rio Negro, núcleo colonial que contribuiu de forma notável para o progresso do Paraná. Os colonos tedescos se compunham de 12 famílias e chegaram à Capela da Estrada da Mata no dia 6 de fevereiro de 1829.
Durante o seu governo, Catarina II, da Rússia, que era de origem germânica, promoveu o desenvolvimento de uma colonização alemã de grandes proporções, às margens poéticas do Volga. canadarxcenter A grande Czarina deu todo apoio a essa colonização, porém, em 1877, o novo Czar revogou as disposições de Catarina II, passando a oprimir os alemães com impostos e serviço militar obrigatório.
Foi assim que naquele ano, da população alemã do Volga, que atingia vinte mil habitantes, partiu a primeiro grupo de imigrantes, com destino às terras livres do Brasil. Em aqui chegando, esses colonos escolheram para seu estabelecimento um lugar no planalto paranaense, nas proximidades da então Vila Nova do Príncipe.
Os núcleos coloniais fundados pelos alemães do Volga, em território do atual município da Lapa, foram denominados Mariental, Johannisdorf, Wirmond e outros. Êsses núcleos progrediram rapidamente e, dentro em breve, surgiram diversos outros localizados no planalto paranaense. Documentos históricos merecedores de fé informam que já em 1829, à época da fundação do núcleo alemão da Estrada da Mata, alguns imigrantes se estabeleceram na Vila Nova do Príncipe, dedicando-se aos trabalhos de construção da estrada. Aos poucos esse número foi aumentando.
O patriarca da família alemã da Lapa foi Eugênio Westphalen, farmacêutico, natural de Berlim, que chegou ali em 1830. Homem culto e trabalhador, chefe de família numerosa, Eugênio Westphalen deu notável contribuição ao progresso e desenvolvimento da vila.